Hoje (12/01) conseguimos registrar estas cenas nos arredores do hotel: uma “mamãe João-de-barro” e uma “mamãe Sabiá” cuidando de filhotes de Chupim. Provavelmente estas duas tiveram seus ovos predados e “substituídos” por ovos de outra espécie.
O Chupim, também conhecido por azulego, maria-preta, chopim, chupim-vira-bosta, melro, godero, gaudério, cupido (Maranhão), papa-arroz escuro (Paraíba) e engana tico; o vira-bosta é uma ave passeriforme da família Icteridae. É provavelmente a ave mais odiada do Brasil, principalmente por causa de seus hábitos reprodutivos parasitários, pois nunca cuida de seus próprios ovos, sempre os botando nos ninhos de outras aves para que elas criem seus filhotes. Nada menos do que 55 espécies já foram listadas como hospedeiras, desde aves maiores até menores do que o chupim.
Entre julho e dezembro marca o início da reprodução, mas é após o acasalamento que inicia-se a fase pela qual a espécie é mais conhecida. Esta espécie não constrói ninho e a fêmea põe 4 ou 5 ovos por postura, sendo 1 no ninho de cada hospedeiro. Porém, em ninhos de sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e joão-de-barro (Furnarius rufus), já foram encontrados 35 e 14 ovos de vira-bosta, respectivamente. Para chegar ao ninho hospedeiro, segue os “futuros pais adotivos”. Os ovos são de colorido uniforme e com a casca sem brilho, branco-esverdeados, vermelho-claros ou verdes, ou ainda com manchas e pintas, conforme a região geográfica. O tico-tico (Zonotrichia capensis) é muito parasitado e a adaptação vantajosa para o vira-bosta é a postura de seu ovo antes, ou no mesmo dia, daquela do primeiro ovo do hospedeiro.
Como o período de incubação do vira-bosta é de 11 ou 12 dias, um a menos do que o do tico-tico, seu filhote, que é bem maior, nasce antes. Desta forma, o filhote do vira-bosta pode eliminar do ninho seus companheiros tico-ticos ou receber mais alimento, tendo maior probabilidade de sobrevivência. Quando abandona o ninho o filhote vira-bosta é alimentado pelos pais adotivos por 15 dias, solicitando alimento no bico através de um chamado característico, abaixando o corpo e tremulando as asas. Também podem colocar seus ovos em ninhos de galinhas domesticas, como granize.
O mais incrível nesta história toda é que, mesmo com o fato dos filhotes serem completamente diferentes dos seus (há registros de aves cuidando de seus filhotes e ao mesmo tempo filhotes de chupim) as “mães adotivas” criam como se fossem seus, protegem e os ensinam a voar.
Com informações do WikiAves