Divisão dos Estados de MS e MT: 40 anos de independência



11 de outubro de 1977: o Presidente-General Ernesto Geisel assina o documento decretando a emancipação político-administrativa do até então Estado de Mato Grosso.

Data lembrada por ambos Estados, o feriado de divisão de MT e MS é um marco de independência principalmente da Região Sul em relação a Cuiabá. Enquanto alguns ainda condenam as forças divisionistas, outros argumentam que a divisão serviu para impulsionar o desenvolvimento em ambos os estados. Analisemos a seguir um pouco dos “por quês” desta divisão:

A algum tempo atrás…
A primeira tentativa de se criar um novo estado ocorreu em 1892 de forma excêntrica por alguns revolucionários. No ano de 1932 criou-se a Liga Sul Mato-grossense defendido pela autonomia do lado sul, em 1934 e 1946, foram encaminhados aos governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra respectivamente abaixo-assinados solicitando a criação do novo Estado.

Algum tempo depois, no ano de 1974, o Governo Federal, através da Lei Complementar nº 20 estabeleceu a legislação básica para a criação de novos Estados e territórios. Este foi o “buumm” que reacendeu a campanha pela autonomia; em 1976 a Liga Sul Mato-grossense, presidida por Paulo Coelho Machado, liderou a campanha mesmo com a oposição do até então governador de MT, José Garcia Neto.
Mas por que criar o Estado de Mato Grosso do Sul?
Em seu discurso durante a assinatura da já dita Lei Complementar o Presidente Ernesto Geisel afirmou:
Foi preocupação do meu governo abri o caminho no sentido de uma melhor divisão territorial do país. Considero isso uma necessidade. Necessidade decorrente, em primeiro lugar, da disposição geográfica, decorrente também do desenvolvimento do país e sobretudo da ocupação, da utilização de novas áreas que até agora jazem apenas em estado potencial. Mas decorrente igualmente de uma necessidade de ordem política, tendo em vista um melhor equilíbrio da federação nos dias de amanhã. Mato Grosso do Sul com vocação extraordinária para o desenvolvimento agropecuário e agroindustrial e dos efeitos dinamizadores propiciados pela vizinhança com os estados do Paraná e de São Paulo.
O grande Estado de Mato Grosso apresentada diferenças geográficas, históricas, administrativas e culturais. em outras palavras: era o Norte do Sul.


O lado Sul basicamente era formado pelo Planalto da Serra de Maracaju (com terra, topografia e clima propício à agricultura) e pelas planícies da Vacaria e do Rio Paraguai, ambos excelentes para a pecuária. O lado norte é mais plano e próximo da Bacia Amazônica, bem diferente do Sul, principalmente no clima.
O norte foi povoado, durante os primeiros séculos de ocupação, por aventureiros em busca de riquezas, sem maior interesse no povoamento, tanto que, com o decréscimo da produção do ouro, a população diminuiu. O sul baseou-se na pecuária extensiva, que fixou o homem à terra, beneficiado ainda pela chegada de numerosas levas de imigrantes determinados a fazer riqueza com a pecuária e com a agricultura.


O norte possui tradição cultural mais sólida, mais homogênea. O sul como foi povoado recentemente não possui identidade cultural tão forte, ao contrário, nela se misturam manifestações das mais diversas origens, destacando-se atualmente os paraguaios e os rio-grandense.


Enfim, a criação de Mato Grosso do Sul foi o meio mais adequado para acelerar o desenvolvimento econômico e social de ambos Estados: o sul com excelentes condições para tornar-se um grande produtor de grãos e carne – o norte com condições para o rápido povoamento e ocupação dos grandes vazios.

Referências:
GUIMARÃES, Acyr Vaz; CAMPESTRINI, Hildebrando. História de Mato Grosso do Sul. Edição, 3. Série historiográfica. Editora, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, 1991.

More
articles