Helena Meirelles: A Dama da Viola

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Dando continuidade aos posts da série “Coisas Nossa Terra” apresentaremos hoje a história desta mulher que influenciou em peso a música sul-matogrossense. Talvez seja a música, a forma de que melhor reflita a fisionomia cultural de Mato Grosso do Sul, ela é a grande metáfora das emoções reunidas no painel da nossa história (Duncan, 2009).

Uma mulher braço forte
Nascida em 13 de agosto de 1924 na cidade de Bataguassu (MS) Helena Meirelles cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros. Fascinada pelas violas caipiras, a família não permitia que aprendesse a tocar, o que acabou fazendo por conta própria, às escondidas. Aos poucos ficou conhecida entre os boiadeiros da região.

Casou-se por imposição dos pais aos 17 anos, abandonando o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Separou-se novamente e, resolvida a tocar viola em bares e farras, deixou os filhos dos dois casamentos com pais adotivos e ganhou a estrada até encontrar o terceiro marido, com quem está junto há mais de 35 anos.

Sucesso tardio…

Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada bastante doente por uma irmã, que a levou para São Paulo. Lá foi “descoberta pela mídia” após seu filho gravar uma fica com suas músicas e enviar a várias gravadoras; Helena saiu em várias publicações ao lado dos maiores roqueiros na Revista Guitar Player, pois estes gostaram do jeito como ela dominava as cordas.

Helena Meirelles – Som do Mato 3º Festival do Mercosul

As gravadoras pegaram-na pelas duas mãos: a partir daí, apresentou-se em um teatro pela primeira vez aos 67 anos, e gravou discos em seguida. Foi escolhida em 1993 pela Guitar Player (com o voto de Eric Clapton) como uma das "100 mais" por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas.

Helena morreu em 28 de setembro de 2005, na casa dela, em Campo Grande (MS), vítima de parada cardiorrespiratória. Além da fascinante história de uma mulher que já enfrentou muitas situações inusitadas, até morar na zona, como ela mesma relatava, Helena tinha uma interessante forma de avaliar o machismo da fronteira, as dificuldades modernas da mulher e até o posicionamento dos governantes com relação à cultura regional. Gravou cinco álbuns e existem dois documentários sobre sua vida.

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